Wednesday, September 22, 2010

Texto de Fernando Alvim


Os portugueses têm a mania de comprar tudo. E se for a pronto, melhor ainda. E isto às vezes, com franqueza, pode não ser a melhor opção. Eu sei porque é que os portugueses gostam tanto de comprar. Sabem porquê? Porque ao comprarem, sabem que podem mudar. E fazer obras e construir ali mais um anexo ou outro, sem ninguém ver. E por isso mesmo, quando confrontados com o amor, querem comprar tudo para fazer as tais mudanças. Ah pois. Como se fosse um T2 ali para os lados do Restelo. Mas não, uma pessoa não é um T2 em que se possa transformar a varanda numa marquise. Uma pessoa não é um bem imobiliário que pode ser vendido pelos senhores da Remax. Uma pessoa é – e perdoem-me desde já a redundância – uma pessoa é uma pessoa, caramba. E se não se importam vou beber água que já me estou a enervar com esta história.

Daí que chegou esta coisa do time sharing ligado ao amor, ou se quiserem, do renting emocional. Vamos cá ver: existem duas pessoas a precisar de amor. Na verdade nem uma nem outra se amam, mas enquanto não aparece a pessoa certa - se é que algum dia irá aparecer – vão-se amando como podem. Não me parece mal. De vez em quando encontram-se, vão jantar, tratam-se bem, falam sobre as suas vidas e como estão as coisas e divertem-se, alugando-se um ao outro. Sem que seja necessário, haver um compromisso. E não se pense que isto é só sexo, de maneira nenhuma. Até pode não haver (embora deva que é bom). O que importa mesmo, é que não exista uma cobrança para o amor. Que não se apresente a continha ao final do dia como é costume. Que nada se dê por adquirido, por comprado a pronto. Daí este renting emocional e o sucesso que está a ter. E porquê? Ora porquê? Porque percebeu que às vezes mais vale assim. Isto é, nem todas as pessoas, querem casar, ter filhinhos muito bonitos e um cabrio para andar ao fim-de-semana. Há quem queira amar em regime de time sharing. Há quem não tenha tempo para amar. Ou não encontre. Ou não tenha jeito para o amor. Então e esses, o que é que fazem? Ficam a chorar em casa, querem ver?! Não senhor, aderem ao renting emocional e é uma maravilha. Porque uma pessoa não é uma casa. Porque nem todos querem comprar e pronto.

Sunday, August 29, 2010

Em pausa

Quando se acorda de manhã com a sensação de que nada bate certo e que nem sequer pertencemos aqui é porque o dia não augura nada de bom. Ontem acabou mal e hoje começa pelo mesmo caminho.

Ou bem que isto muda ou brevemente rebento.

Saturday, August 28, 2010

Self-destroying

O difícil não é tomar decisões, mas viver com elas.

Para ti, que nunca irás ler-me

Eram oito da noite quando, naquele dia, te mudei a vida . Já nessa altura eras uma sombra esbatida e ausente que ia e vinha conforme te convinha e a verdade é que, numa dimensão paralela como essa, não há nem nunca houve espaço para certezas. Só acasos e improbabilidades, mesmo já divinhando possíveis e hipotéticos desfechos. E, apesar de recordar cada palavra, disse-te tudo sem rodeios e ouvi tudo o que me disseste, como se num sonho não fosses tu a falar comigo mas uma imagem projectada de tudo aquilo que eu queria que fosses. O tempo parou. Nessas semanas que se seguiram, é como se não tivesse sido a mim que disseste coisas impossíveis de ouvir, coisas que me magoaram mais do que qualquer outra coisa ou outra pessoa na minha vida como se eu, do lado negro da vida, tivesse apenas esboçado um sorriso magoado e continuasse a beijar-te de vez em quando, absorvendo-me cada vez mais numa solidão que me pareceu durar para sempre.

Sabes, no dia em que me ofereceste a inevitabilidade, eu perdi um pedaço muito grande de mim. Não há um único dia que não o recorde e, muitas vezes, choro até não poder mais à espera que a vida me traga um silêncio qualquer.

Monday, June 21, 2010

Um mês depois de te ter visto pela primeira vez, não há um único dia que passe sem que me lembre de ti. E sei que o farei todos os dias da minha vida.

Saturday, June 19, 2010

Saturday, May 29, 2010

Amar-te-ei para sempre

Perdoa-me, meu amor. Por favor, perdoa-me, porque eu jamais o farei e nunca mais o esquecerei.
A angústia e a tristeza são tão profundas que não há palavras que o descrevam. E o meu castigo será a lembrança que me persegue agora e cuja dor permacerá em mim para o resto da minha vida...

Monday, May 17, 2010

Amor avassalador

Faz hoje 6 dias que soube de ti.

Amo-te. Muito. E é um amor tão grande que sufoca, que perturba, que me tira a razão. E amar-te-ei para sempre, mesmo que (ainda) não saiba o nosso amanhã. Perdoa-me.

Thursday, April 22, 2010

Quão complacente é o amor que tudo perdoa

"Juan era um daqueles homens bonitos e alegres a quem ao princípio nenhuma mulher resiste, mas que com o tempo deseja que outra tivesse levado, porque são homens que causam demasiado sofrimento. Não se esforçava por ser sedutor, assim como não se esforçava por nenhuma outra coisa, simplesmente porque bastava a sua presença e beleza refinada para excitar as mulheres à sua volta; vivia à custa delas desde os catorze anos, idade em que começou a explorar os seus encantos".


Isabel Allende, "Inês da Minha Alma"

Tuesday, January 26, 2010

Piroseira

Percebo que estou numa fase daquelas muito complicadas quando, por qualquer coisinha de nada, desato num pranto. Tudo mexe comigo. Assim não aguento!

Assim o dizem

"Communication. It's the first thing we really learn in life. Funny thing is, once we grow up, learn our words and really start talking the harder it becomes to know what to say. Or how to ask for what we really need."

Monday, January 25, 2010

Nunca consegui perceber muito bem porque é que há homens que têm uma necessidade doida de estar constantemente a "lançar a rede para tudo o que é peixe". Tornam-se amigos mas depois conseguem estragar a verdadeira amizade para torná-la somente colorida e sem ponta por onde se lhe pegue. São homens cujas amigas já passaram todas, ou quase todas, pelos seus lençóis, e que dispõem de um vasto leque de escolha, para cada evento, dia da semana ou disposição.
Normalmente são atraentes, têm um charme ou carisma que os distingue dos demais mas, quando bem analisados, é só mesmo isso que têm. E isso, em muitas alturas, basta-nos porque o corpo sente falta de coisas que a alma não tem. Mas o tempo passa, e a alma por norma acaba por gritar mais alto tudo o que, por sua vez, o corpo não tem. E é nessas alturas que percebemos que ter uns olhos lindos ou um sorriso engraçado não basta. E que por detrás de uma aparência de adónis existe somente um vazio e alguém que, durante muito tempo, julgámos conhecer. Puro engano.

Sunday, January 24, 2010

XXIII

O olhar dele é tão oblíquo que nem o silêncio mais sincero lhe basta. Talvez se lhe dissesse as verdade todas, sendo pela primeira vez honesto, tornasse a vida dela mais fácil de compreender.

XXII

As cartas estão na mesa e foi ela quem as baralhou. Uma a uma, dipostas de forma metódica, cortam como facas e mostram-lhe o desenrolar da estória como na verdade ela é. Sombra esbatida e ausente de alguém que nunca o foi e que ainda hoje não o é. E aquela carta avisa-a, ele assume-se consoante as luas e em atitude de pecado mortal desafia-as, a todas e em segredo, mortalmente, apenas por prazer.

Um dia morder-lhe-á o coração e morrerá sozinho num silêncio qualquer.

Tuesday, January 19, 2010

Estória XXI

Escova de dentes no lavatório. Cabelo em desalinho. Toalha molhada no chão. Copos de vinhos espalhados pela casa. Cama revolta. Ausência. Vazio. Amor consumado sem amanhã.
São três horas da tarde e ela encontra-se sentada sobre a cama sem saber o que pensar e sem saber o que fazer - o lençol ainda está quente - Inebriada com o abraço fingido que ele lhe deixou pela manhã. Os jogos de poder cansaram-na e, ao fim de vários meses deixa, finalmente, cair os braços e, naquele que ela espera ser um último suspiro de estória, murmura-lhe de longe, "adeus"".

Sunday, January 17, 2010

Mostrar amor a quem nos não ama rebaixa-nos a um nível de degradação. E a degradação só nos dá lástima e repulsa. 
A única possibilidade de se ser amado por quem nos não ama é parecer que se não ama. Então, não se desce e assim o outro não sobe. E então, porque não sobe, ele tem menos apreço por si, ou seja, mais apreço pelo amante. 
O jogo do amor é um jogo de forças. Quanto mais se ama mais fraco se é. E em todas as situações a compaixão tem um limite. Abaixo de um certo grau, a compaixão acaba e a repugnância começa. Assim, quanto mais se ama mais se baixa na escala para quem ao amor não corresponde. 

Vergílio Ferreira, in "Conta-Corrente 3"


Retirado do Blog "O Guaxinim".

Wednesday, December 16, 2009

(quase) Ano Novo, merda para a vida velha

Eu: Achas que ele está caído por ela?
M: Não sei, mas ela está completamente caída por ele
Eu: jura...
Eu: sendo homem não consegues perceber quando outro homem está interessado?
M: há qualquer coisa no ar, mas acho que não deves ligar a isso...só te vai consumir mais.

Acabou-se!
Com isto está tudo dito.

Tuesday, December 15, 2009

Personalidades

Não percebo porque é que fico tão confusa e insegura. A verdade é que o acho bipolar, com duas personalidades e duas vontades, se for preciso, ao mesmo tempo, e sem saber muito bem para onde ir (mas pelo vistos eu sou igual). Com a diferença de que eu odeio quando não consegue ser honesto comigo e acha que me passa tudo ao lado.

Saturday, December 12, 2009

Neste momento é com silêncio que falo.
E, cá dentro, vai uma turbulência tão grande que me perturba (toda) a razão. E o que está dentro de mim está prestes a rebentar.
Ás vezes não consigo perceber como fui permitir uma pessoa tão fria como ele entrasse numa parte (tão importante) da minha vida desta maneira. Ou talvez não seja assim tão frio. Mas faz-se. Desliga-se. Mas nada destas coisas se explicam. Talvez um dia tudo mude ou, simplesmente, tudo continue a caminhar em direcção ao nada, as usual...
Cabe-me a mim tentar mudar (-me) alguma coisa.